Leia Mateus 6.1-18 e confie que o Senhor proverá todas as necessidades
Na primeira metade de Mateus 6.1-18, Jesus descreve a vida particular do cristão no lugar secreto (dando, orando e jejuando); na segunda parte (19-34) Ele trata dos nossos negócios públicos no mundo (questões do dinheiro, de propriedades, de alimento, roupa e ambição). Ou seja, Cristo descreve a vida religiosa e secular do cristão, mostrando que ambas são santas e dependentes de Deus.
Deus está sempre interessado em nossa vida particular, pública, religiosa e secular. Ouvimos os mesmos insistentes convites de Jesus nas duas esferas: 1) O chamado para sermos diferentes da hipocrisia do religioso (1-18) e agora, 2) Diferentes do materialismo do irreligioso (19-34). Cristo agora nos incita a renunciar o sistema de valores dos gentios (v.32).
Cristo coloca alternativas diante de nós em cada estágio: há dois tesouros (na terra e no céu, 19-21); duas condições físicas (trevas e luz 22, 23); dois senhores (Deus e as riquezas 24) e duas preocupações (nosso corpo e o Reino de Deus 25-34). E não podemos por os pés em duas canoas.
Jesus nos mostra que a ganância, que a acumulação egoísta é pecaminosa. Que não podemos fazer do dinheiro, da riqueza e da razão do nosso viver. Devemos investir nossa vida em algo que não acaba. A riqueza é temporal, é passageira. Não vamos levá-la. É preciso ter tesouro no Céu. Buscar o que é eterno. Buscar em primeiro lugar o reino de Deus.
Quando optarmos pelo tesouro celeste em vez de tesouros da terra; quando seguirmos a luz e não as trevas; quando optarmos por servir a Deus e não a Mamom, então estaremos prontos a entender: buscai, pois em primeiro lugar o reino de Deus… Se sirvo a Deus, buscarei o seu reino e entregarei a Ele minhas necessidades.
Jesus está dizendo que todos os homens buscam alguma coisa, pela qual viver; alguma coisa sobre a qual colocar o coração e a mente.
Jesus mostra aos seus discípulos que eles devem buscar o Reino de Deus e não as coisas materiais como objetivo maior da vida. Três vezes Ele ordena não fiqueis ansiosos (v.25, 31, 34). A preocupação básica do homem é o v.31. Esta é a trindade dos cuidados do mundo. Porque os gentios é que se preocupam com todas essas coisas (v.32). Basta olhar para a propaganda da televisão, rádio, jornal e veremos uma vívida ilustração moderna do que Jesus ensinou há dois mil anos. Do começo ao fim, os apelos são: preocupar-se com o bem-estar do corpo: como alimentá-lo, vesti-lo, aquecê-lo, refrescá-lo, relaxá-lo, entretê-lo, enfeitá-lo e estimulá-lo = consumismo e materialismo.
Jesus de forma alguma negou ou desprezou as necessidades do corpo. Ele ensinou-nos a orar O reducionista, degradando o homem ao nível dos animais. Parece que o bem estar físico é o único e último objetivo da vida.
Jesus de forma alguma está proibindo a previdência = A Bíblia aprova o trabalho previdente da formiga. Também os passarinhos fazem provisão para o futuro, construindo ninhos, alimentando os filhotes. Muitos migram para climas mais quentes antes do inverno. O que Jesus proíbe não é a previdência, mas a Preocupação ansiosa.
1. A preocupação é incompatível com a fé cristã – v.25-30
No verso 30 o Senhor chama os ansiosos de homens de pequena fé. Vejamos alguns argumentos contra a ansiedade:
- Do maior para o menor. Se Deus nos deu um corpo com vida, nos dará alimento e vestes – v.25 = Deus é o responsável pela nossa vida e pelo nosso corpo. E estes são mais importantes que o alimento e as vestes. Pois bem, se Deus já cuida do maior (nossa vida e nosso corpo), não podemos confiar nele para cuidar do menor (nosso alimento e nossas vestes?)
- Do menor para o maior. As aves como exemplo – v.26 = Aqui Jesus mostra o cuidado divino em alimentar seus discípulos. Os pássaros não semeiam, não colhem, não armazenam, mas Deus os alimenta. Eles não ficam desesperados, ansiosos, inquietos e fatigados. Disse Martinho Lutero: Jesus está fazendo das aves nossos professores e mestres. O mais frágil pardal se transforma em teólogo e pregador para o mais sábio dos homens, dizendo: Eu prefiro estar na cozinha do Senhor. Ele fez todas as coisas. Sabe das minhas necessidades e me sustenta. Se Deus cuida de suas pequenas criaturas, Ele também cuidará de seus filhos. Qual é o pai que se o filho lhe pedir um peixe lhe dará uma cobra, ou se pedir um pão lhe dará uma pedra?
- A preocupação é inútil – v.27 = côvado aqui não se refere à estatura (45 cm), mas prolongar a vida, dilatar a vida. A preocupação segundo Jesus, que já conhecia todos os meandros da medicina psicossomática, ao invés de alongar a vida, pode muito bem encurtá-la. Assim como deixamos essas coisas ao cuidado de Deus (pois certamente estão fora do nosso alcance) devemos deixar também as coisas menores como alimento e roupa (I Pedro 5.7).
- As flores como exemplo – v. 28-30 = as flores, os lírios, as papoulas silvestres que não trabalham e não fiam, que têm a vida curta e se secam e são jogadas no fogo são vestidas com glória e nobreza régia, assim Jesus diz para seus discípulos que nosso Pai providenciará para nós as vestes.
- Os crentes, os discípulos não estão isentos de ganhar sua própria vida = Não podemos esperar o sustento de Deus assentados, de braços cruzados dizendo preguiçosamente “Meu Pai celeste proverá”. Temos de trabalhar “Se alguém não quer trabalhar também não coma.” Cristo usou o exemplo dos pássaros. Ele conhecia os hábitos alimentares dos pássaros: uns comem sementes, outros peixes, outros são insetívoros, outros predadores. Deus os alimenta a todos, providenciando na natureza os recursos para que eles se alimentem. As plantas extraem do solo o seu sustento. Deus também nos supre, mas precisamos cooperar com nosso trabalho.
- Os discípulos não estão isentos da responsabilidade com os outros = Se Deus promete alimentar os seus filhos, porque há tanta gente subnutrida e mal vestida? A razão mais óbvia deste grave problema é a falta de provisão divina, mas uma injusta distribuição por parte do homem. A verdade é que Deus forneceu recursos amplos na terra e no mar, mas o homem açambarca, desperdiça ou estraga esses recursos e não os distribui. Nesse mesmo Evangelho de Mateus, em que Jesus diz que Nosso Pai Celeste nos alimenta, diz que devemos alimentar os famintos e vestir os nus.
- Os discípulos não estão isentos de dificuldades = Estar livre de preocupações e estar livre de dificuldades não é a mesma coisa. Cristo nos manda deixar de lado a ansiedade, mas não promete que seremos imunes a todos os infortúnios. Embora Deus vista a erva do campo, não impede que ela seja cortada e queimada. Embora Deus nos alimente, Ele não nos isenta das aflições e apertos, inclusive financeiros. Enfrentamos dissabores, tristezas, angústias, perigos, mas todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus.
Jesus está dizendo que a ansiedade é característica dos gentios, dos pagãos, daqueles que não conhecem a providência amorosa de Deus. A ansiedade é desconfiança com respeito a Deus, mas o discípulo pode dizer Rm 8.31,32. A ambição daquele que não conhece pessoalmente a Deus é fazer da procura das coisas materiais o fim último da vida, mas isso não é compatível com a vida do discípulo.
- A preocupação é incompatível com o bom senso – v.34
As pessoas se preocupam com exames, emprego, casas, saúde, namoro, empreendimento, dinheiro, investimentos… Mas os temores e as preocupações muitas vezes jamais acontecerão. Portanto, a preocupação é uma perda de tempo, de pensamento de energia nervosa. Precisamos viver um dia de cada vez. Devemos naturalmente planejar o futuro, mas não ficarmos ansiosos quanto a ele. Basta a cada dia seu próprio mal. Portanto, porque antecipá-los? Se o fizermos nós os multiplicaremos, pois se nossos temores não se concretizarem, teremos nos preocupado em vão; no caso de se concretizarem, estaremos nos preocupando duas vezem em vez de uma.
5. Qual deve ser a ocupação do discípulo para não ter uma vida de preocupação?
1. Buscar em primeiro lugar o Reino de Deus = É buscar o governo, o domínio de Jesus em cada coração. É procurar colocar tudo debaixo do governo e controle de Jesus: Lar, casamento, família, vida profissional, dívidas, lazer. É investir a vida em valores eternos. É fazer tudo para a glória de Deus. É evangelizar.
2. Buscar a justiça de Deus = É ser protagonista da justiça de Deus num mundo de tantas injustiças. É se colocar contra a miséria, a exploração, a ganância, o preconceito. Precisamos ser agentes da justiça de Deus na história.
3. Resultados de buscar a Deus em primeiro lugar = “E as demais coisas vos serão acrescentadas” = Deus supre, Deus cuida. Dá paz, alegria, vida abundante e o pão, e as vestes, e tudo o mais. Amém.
Pr. Hernandes Dias Lopes
Fonte: Lagoinha.com
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